O gavião-real (Harpia harpyja), entre outras 47 espécies estão desarecidas há pelos menos 200 anos na Grande Belém. (Foto: Alexander C.Lees/Arquivo pessoal)

Pesquisa publicada na revista internacional Conservation Biology apontou que 47 espécies de aves podem ter sido extintas da fauna na região metropolitana de Belém nos últimos 200 anos. De acordo com o estudo, algumas das espécies não foram mais vistas na região desde o ano de 1975.

Segundo a bióloga Nárgila Moura, do Museu Goeldi, que liderou os trabalhos, as primeiras espécies a desaparecerem foram as de grande porte, como arara-azul-grande (Anodorhynchus hyacinthinus) e gavião-real (Harpia harpyja), extintas antes de 1900.  O desaparecimento estaria relacionado à caça e ao tráfico, e também coincidiu com a construção da linha do ferro para Bragança, no nordeste do Pará, que ocasionou desmatamento na região. Já no último século, desapareceram espécies de pequeno porte, que são dependentes de florestas primárias e, por isso, mais sensíveis ao desmatamento.

Desmatamento pode ter favorecido desaparecimento espécies como a arara azul. (Foto: Paula Sampaio/Museu Goeldi)Desmatamento pode ter favorecido
desaparecimento espécies como a arara azul.
(Foto: Paula Sampaio/Museu Goeldi)

A pesquisa foi realizada pela Rede Amazônia Sustentável e o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia INCT Biodiversidade e Uso da Terra na Amazônia, uma parceria do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), Embrapa, Universidade de Lancaster e Instituto Ambiental de Estocolmo, reunindo mais de 20 outros institutos colaboradores.

As aves são um dos grupos de animais mais bem estudados pelas instituições e a sua perda  acende um alerta para a provável perda de espécies de outros vertebrados, plantas e insetos, nos remanescentes florestais da região.

“O desenvolvimento de uma localidade quando ocorre de forma não organizada, impacta o meio ambiente de forma intensa. É fundamental que os gestores estabeleçam políticas de recuperação das áreas de florestas ainda existentes na região para que haja um ambiente favorável para o retorno desses animais, para que eles tenham condição de recolonizar essas áreas. Do contrário, as futuras gerações só poderão conhecer certas espécies somente taxidermizadas, nos museus”, critica a pesquisadora.

Do G1 PA