João Oliveira renunciou ao cargo um dia antes do governador da época, Siqueira Campos. Para os investigadores, objetivo era levar presidente da Assembleia ao cargo e manter esquema criminoso.
Uma nova denúncia relacionada às investigações da operação Ápia aponta que o ex-vice-governador João Oliveira (PHS) recebeu R$ 2,5 milhões para renunciar ao cargo em abril de 2014. A acusação foi baseada na delação do empresário Rossine Aires Guimarães, dono de uma construtora que fazia parte de um suposto esquema que desviou milhões dos cofres estaduais. Ele apresentou comprovantes e afirmou que fez o pagamento pessoalmente.
O então vice-governador João Oliveira renunciou ao cargo um dia antes do atual governador daquela época, Siqueira Campos (DEM). Para os procuradores federais, o objetivo do grupo era levar o então presidente da Assembleia Legislativa, Sandoval Cardoso (SD), para a chefia do governo do Estado. Com isso, Sandoval poderia manter o esquema e tentar se reeleger nas eleições daquele ano.
O plano, segundo os procuradores, teria sido orquestrado com a ajuda de Eduardo Siqueira Campos (DEM), que atualmente é deputado estadual e na época era secretário de governo na equipe do pai, Siqueira Campos.
Conforme a declaração do empresário, que consta na denúncia, o pagamento do suborno foi feito em dinheiro e na casa do próprio vice-governador. “Cuidou-se efetivamente de remuneração ilícita, dada a título de suborno, em troca da renúncia do posto de vice-governador, ato privativo do cargo, que propiciou a assunção de Sandoval Lobo Cardoso ao posto de governador do Estado do Tocantins”, diz trecho da denúncia.
Os procuradores apontam ainda que uma das exigências da negociação foi que João Oliveira renunciasse ao cargo antes do então governador Siqueira Campos. “[…] Isso para que não houvesse risco de que o então ex-governador assumisse a titularidade do governo com a renúncia de José Wilson [Siqueira Campos], frustrando o plano delitivo do grupo”, afirma trecho da ação.
As renúncias possibilitaram que Sandoval Cardoso fosse eleito para um mandato tampão em maio de 2014. “As duas manobras garantiram que Sandoval ocupasse seu alto papel no grupo de criminosos, como governador do Estado e com domínio dos fatos delitivos desde então”, diz a denúncia do MPF.