O som e histórias da periferia de Palmas vão se transformar em produção audiovisual através do projeto Meninos do Bairro, que vai transformar em videoclipes as músicas “Meninos do Bairro”, “Rasga Mortalha” e “Ex-Amores”, interpretadas pelos artistas Ekko e Kyojin. O projeto tem patrocínio de edital da Lei Aldir Blanc, via Secretaria Estadual da Cultura e Ministério da Cultura.
O enredo traz memórias e histórias dos jovens que cresceram na comunidade Portelinha, território que abriga as histórias, os sonhos e os desafios que inspiraram o projeto. As gravações acontecem em Palmas a partir deste mês, especialmente na comunidade. Mais do que um conjunto de videoclipes, Meninos do Bairro é um retrato sensível e potente da juventude periférica de Palmas. As músicas e imagens revelam o cotidiano de jovens que, mesmo sob o peso das dificuldades, persistem em sonhar e acreditar.
O enredo das produções audiovisuais percorre temas como amizade, amor, perda, superação e fé no próprio caminho — sentimentos que moldam a identidade de quem cresce nas margens, mas busca ocupar o centro com sua arte e sua voz. “A ideia é mostrar o que somos de verdade, sem romantizar, mas também sem esconder a beleza de resistir. O Meninos do Bairro é sobre acreditar mesmo quando o mundo tenta te convencer do contrário”, afirma Ekko, que cresceu na Portelinha e hoje usa a música como instrumento de expressão e transformação.
“A gente veio de um lugar onde o fracasso parece destino, mas quando você começa a sonhar e agir, isso se torna um ato de revolução. Esse projeto é isso: seguir acreditando, continuar rimando, continuar vivendo”, completa Kyojin, parceiro de Ekko na obra. Ele acrescenta ainda que o projeto tem como propósito dar significado a trajetória dessas ‘meninos do bairro’. “Dar significado a nossa própria correria de sobreviver, de dar significado a nós, de como a gente como ser vivo que continua, que tenta inovar, que prossegue tentando já é um ato grande de subversão.”
Narrativa
A proposta estética e narrativa dos videoclipes parte de um conceito que já nasceu dentro da comunidade: a naturalidade de ser e fazer. O projeto traduz o espírito da frase que ecoa entre os becos e ruas de Palmas — “quem são esses dois?” “são os menino do bairro que cantam”. Um diálogo simples, mas que carrega em si o reconhecimento da presença, da insistência e da força de quem está em movimento.
Em Meninos do Bairro, o tempo também é personagem. Como destacam os artistas, os meninos do bairro são amigos do tempo — porque ele passa de qualquer forma, e eles escolhem passar com ele, deixando marcas, memórias e inspirações por onde caminham.
A produtora executiva do projeto, Bely Bittencourt, destaca o valor simbólico e social da iniciativa. “Essas produções representam um ato de resistência e de afirmação da identidade periférica. São jovens que constroem narrativas sobre si mesmos, sobre suas vivências, seus afetos e suas dores. O projeto é um espelho e, ao mesmo tempo, um farol para muitos outros jovens que sonham em se ver e ser vistos.”
O álbum e seus clipes expressam a jornada desses dois artistas que cresceram rimando nas esquinas e hoje transformam suas experiências em arte, mostrando que da Portelinha também nasce poesia, ritmo e potência. No fim das contas, ser um menino do bairro é seguir acreditando, mesmo quando o futuro é incerto. É fazer parte de uma geração que se recusa a parar, porque entende que o simples ato de continuar já é um gesto de vitória.
Entrevistas – Shelsea Lima – 63 9 8437-3934