A Polícia Federal (PF) divulgou nesta terça-feira que existem evidências e provas de que o presidente do Brasil, Michel Temer (PMDB), recebeu propinas para ajudar empresas, o que aponta “com vigor” a sua participação no crime de corrupção passiva.

Segundo o relatório enviado pela PF ao Supremo Tribunal Federal (STF), os investigadores afirmaram que o presidente aceitou pagamentos de vantagens indevidas do grupo J&F, dono do frigorífico JBS, por intermédio do ex-assessor e ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR).

Ainda de acordo com o documento da PF, os dois peemedebistas foram procurados para prestar esclarecimentos, mas preferiram não colaborar com as investigações.

“Diante do silêncio do mandatário maior da nação e de seu ex-assessor especial, resultam incólumes as evidências que emanam do conjunto informativo formado nestes autos, a indicar, com vigor, a prática de corrupção passiva”, escreve a PF.

O relatório ainda acusa, pelo crime de corrupção ativa, o dono do grupo J&F, Joesley Batista, e o diretor de Relações Institucionais da empresa, Ricardo Saud. Ambos delataram Temer como receptor de pagamentos feitos pelo grupo, em troca de ajuda com assuntos do interesse do empresário.

A assessoria de Temer voltou a reafirmar que o presidente não cometeu qualquer irregularidade. Anteriormente, o peemedebista negou que tenha qualquer intenção de renunciar, diante do escândalo e da crescente pressão que enfrenta dentro e fora do governo.

Na Rússia, Temer declarou que o relatório da PF é de “juízo jurídico, e não político”.

Tanto o presidente da República quanto Loures são investigados pelos crimes de corrupção passiva, obstrução de Justiça e organização criminosa. A PF pediu mais prazo ao STF para concluir as apurações – entre elas está a perícia no áudio feito por Joesley em uma conversa com Temer.

A expectativa é que o documento, quando concluído, integre uma denúncia que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, fará contra Temer ao STF. Para ser aceita, a denúncia necessitaria da aprovação de dois terços do Congresso – algo que a base governista julga hoje improvável.

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