Os cientistas não conseguiram encontrar uma ligação com o aquecimento global nos casos de uma nevasca precoce na Dakota do Sul, nos EUA; de tempestades atípicas na Alemanha e nos Pirineus; de chuvas fortes no Colorado e no sul e centro da Europa; além de uma primavera gelada na Grã-Bretanha.
A Agência Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) dos Estados Unidos organizou os cientistas para a publicação de 22 estudos nesta segunda-feira (29) sobre os extremos climáticos de 2013 em uma edição especial do “Boletim da Sociedade Meteorológica Americana”.
“Não é sempre um fator único que é responsável pelos extremos que vemos”, disse o diretor do Centro de Informações Climáticas da NOAA, Tom Karl. “A variabilidade natural é sempre parte de qualquer evento climático extremo.”
Durante anos, cientistas disseram que não poderiam atribuir eventos climáticos específicos – como uma seca, onda de calor ou tempestade – ao aquecimento global provocado pelo homem. Mas com o aprimoramento dos modelos computacionais e novas pesquisas, em alguns casos, os cientistas podem ver de que maneira as chances de ocorrência de determinados eventos aumentam – ou não – por causa da mudança climática.
Outros pesquisadores questionam se seria útil ou preciso focar em eventos climáticos específicos.
Os editores da compilação de estudos de 108 páginas escreveram que as pessoas e os animais tendem a ser mais afetados pelos extremos climáticos do que por outras mudanças em geral. O público com frequencia conecta eventos extremos às mudanças climáticas, por vezes erroneamente, por isso análises científicas como essas “podem ajudar a informar a compreensão pública sobre as mudanças ambientais”, diz o documento.
Influência gritante
O relatório busca descobrir como o aquecimento provocado pelas atividades do homem influencia o clima, diz o meteorologista Martin Hoerling, da NOAA, um dos editores do relatório.
A influência da ação do homem no ano mais quente da Austrália em mais de um século é gritante, dizem os editores do relatório. “É quase impossível” explicar o calor excessivo da Austrália em 2013 sem recorrer às mudanças climáticas, diz Peter Stott, do Departamento de Meteorologia do Reino Unido.
O evento climático cuja análise foi mais complexa foi a seca da Califórnia, único dos extremos que continuou este ano. Três equipes estudaram de diferentes maneiras a seca recorde do estado.
Duas equipes não conseguiram encontrar uma ligação entre o aquecimento global e as temperaturas da água e do ar, mas uma terceira equipe, da Universidade de Stanford, olhou para os padrões de altas pressões do ar e encontraram uma conexão.
“O relatório como um todo é uma reflexão de que, cada vez mais, futuros extremos climáticos ao redor do globo serão atribuídos às mudanças climáticas provocadas pelo homem”, diz o cientista Jonathan Overpeck, da Universidade do Arizona, que não fez parte da pesquisa.
No caso de dois extremos climáticos de 2013 – a primavera gelada da Grã-Bretanha e as chuvas de setembro no norte do Colorado – o relatório constatou que o aquecimento global na verdade atuou para diminuir as chances de eles acontecerem.