O húngaro Alberto Vásquez inspirou-se na falta d’água enfrentada por comunidades na Colômbia; projeto já ganhou dois prêmios internacionais e agora busca investidores.
Em meio à crise hídrica, uma das principais recomendações é reusar água para reduzir o consumo diário.
Mas fazer isso não é exatamente fácil ou prático, ao menos quando se fala de um dos hábitos diários que mais demandam água: o banho.
Hoje, é preciso recorrer a bacias ou baldes para evitar que um grande volume vá pelo ralo – e, ainda assim, grande parte desta água se perde.
Mas o designer húngaro Alberto Vasquez criou uma técnica simples, que permite que até 90% da água do banho seja reaproveitada.
“O Gris é resultado de um trabalho de dois anos que fiz durante minha faculdade”, diz Vasquez à BBC Brasil.
“É uma ideia simples, mas que exigiu uma pesquisa complexa.”
Reservatórios interligados
O Gris é composto por uma plataforma antiderrapante formada por quatro reservatórios interligados que se inclinam ligeiramente para o centro, onde entradas permitem que a água se acumule em seu interior.
Cada reservatório comporta até dez litros, o mesmo que um balde comum. Quando estão cheios, a pessoa pode desconectá-los e usar a água armazenada para outros fins, como dar descarga ou fazer a limpeza da casa.
Segundo a Sabesp, empresa responsável pelo abastecimento em São Paulo, um banho de ducha de cinco minutos – a duração recomendada para não deperdiçar água – gasta 45 litros.
Assim, o uso do sistema Gris permitiria reutilizar quase toda a água usada no banho.
Prêmios
Vasquez inspirou-se na falta de água constante enfrentada por comunidades da Colômbia, onde nasceu sua mãe e onde o designer passou parte da infância.
Desde que apresentou o Gris no ano passado, o designer já ganhou dois dos prêmios internacionais, o iF Design Award e o A’Design Award, além de ter sido premiado pelo governo húngaro.
“Recebo de 40 a 50 emails por dias de pessoas que querem compra-lo porque enfrentam problemas de água em seus países”, afirma Vasquez.
Mas, por enquanto, o designer tem apenas um protótipo. Ele espera comercializá-lo por um preço entre US$ 20 e US$ 40.
“Estou em busca de parceiros para produzi-lo em grande escala e, assim, poder começar a vendê-lo.”
Rafael Barifouse|Da BBC Brasil em São Paulo