9EN_00919715_0065A OTAN irá realizar na Ucrânia, entre 15 e 26 de setembro, as manobras militares Tridente Rápido. Essa decisão foi anunciada a 4 de setembro na cúpula da Aliança no País de Gales. Militares de 15 países da OTAN irão entrar no território desse país vizinho da Rússia.

O Plano de Prontidão de Ação da OTAN prevê o reforço das Forças de Reação Rápida. Isso irá ser feito através de um corpo especial de elevada prontidão composto por cerca de 4 mil elementos. A OTAN pretende igualmente aumentar seu destacamento aéreo na Estônia. Simultaneamente, no mar Negro entra o terceiro contratorpedeiro dos EUA.

O aumento da presença aérea e naval perto das fronteiras da Rússia será reforçado com a criação de até cinco bases terrestres da OTAN na Europa Oriental. Todas essas ações prtendem abertamente aumentar a confrontação e agrava significativamente a ameaça à segurança nacional da Rússia. Essas ações da OTAN irão, naturalmente, obrigar a Rússia a tomar medidas de resposta, considera o perito militar Viktor Baranets:

“O bloco militar tenta exercer uma pressão total sobre a Rússia para que ela atue e se comporte da forma que convém à Aliança. E à OTAN convém só uma coisa: que a Rússia deixe de exercer qualquer influência no desenvolvimento da situação na Ucrânia, para que essa situação evolua de acordo com o cenário da OTAN e não da Rússia. Tudo isso contém muita malícia, hipocrisia, mentira e provocação. Neste momento se decide um problema histórico a nível global – o mundo não pode ser monopolar. É precisamente a Ucrânia que se torna na plataforma em que a OTAN tenta reforçar sua doutrina de supremacia mundial e não deixar a Rússia se tornar numa das forças de um mundo multipolar.”

As manobras da OTAN em território da Ucrânia, numa situação em ela está de fato envolvida numa guerra civil, é uma ameaça evidente. Sobretudo uma ameaça à estabilidade na Europa. Também se trata de um teste à resistência política e à CLARIVIDÊNCIA de Moscou. Entretanto seria ridículo dizer que isso poderia assustar de alguma forma a Rússia, considera o perito do Instituto de Estudos Estratégicos da Rússia Serguei Mikhailov:

“É evidente que nem os aviões na Estônia, nem os três navios que irão navegar no mar Negro, nem as manobras no ocidente da Ucrânia irão influenciar de alguma maneira a posição da liderança político-militar da Rússia relativamente ao conflito na Ucrânia. Isso é completamente evidente. Simplesmente, Barack Obama precisa de demonstrar que é um presidente forte. Nesse aspeto a OTAN não inventou nada melhor que exibir músculos militares, apesar de esses músculos serem, sinceramente, fraquinhos. Isso deve ser, provavelmente, calculado para consumo interno da OTAN, mais como uma forma de acalmar de alguma maneira os círculos mais histéricos nos Países Bálticos do que uma verdadeira tentativa de pressionar a Rússia. Isso é inútil. Eu penso que os próprios norte-americanos compreendem isso perfeitamente.”

A cúpula da OTAN reforçou claramente a aposta no agravamento das relações dos EUA e da Europa com a Rússia. Tanto mais que ele deu o seu aval à União Europeia para novas sanções contra a Rússia. Simultaneamente ele assegurou Kiev do seu apoio e disponibilizou apoio militar ao presidente da Ucrânia Piotr Poroshenko. Moscou irá decidir por si própria de quem ser amigo e de que forma. Entretanto as amabilidades que a OTAN demonstrou em relação à Ucrânia irão, provavelmente, enviar um falso sinal ao “partido da guerra” em Kiev, o qual provocou uma guerra civil no leste do país.

A OTAN sempre se pronuncia categoricamente contra a prestação de auxílio militar a uma das partes em um conflito militar. Mas no País de Gales os países-membros da OTAN prometeram a Kiev material e equipamento “letal e não-letal”. Disponibilizaram 15 milhões de dólares para o reforço das estruturas militares. Isso é um estímulo direto à operação militar no leste do país. Também é mais um motivo para os milicianos do leste da Ucrânia duvidarem da sinceridade das declarações de Piotr Poroshenko sobre o início de um abrandamento da crise.

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