O brasileiro tende a pessoalizar todas as suas relações de todas as formas possíveis, o que o difere de grande parte do mundo.

A tendência mundial é manter suas relações cada vez mais impessoais, no Brasil é caracterizado o contrário ao perceber haver uma grande procura ao torná-las cada vez mais pessoais. O jeitinho brasileiro aparece neste contexto quando a relação impessoal se torna pessoal para o exercício efetivo do jeitinho, pois é necessário que haja conexões pessoais para ser possível. Essas pequenas maneiras de cometer quebras de regras e não seguir leis tem que corroborado para existir um crescido número de casos de corrupção geralmente. Entretanto, muitos ainda não relacionam essa maneira de ser com a corrupção política, o que pode ocasionar em uma derivada tolerância e sentimento de impunidade.

Já a Era Vargas foi marcada por intensas críticas por parte da população, denúncias que ligavam malversação e práticas ilegais cometidas pelo grupo de Getúlio Vargas tomaram grande proporção. Vargas e seus auxiliares foram acusados de tomarem proveito das verbas públicas, enriquecendo custeados pelo tesouro nacional. A partir da década de 1880, o governo imperial foi afogado por questões comprometedoras, que geraram uma série de acusações que colocaram em xeque a credibilidade e transparência do governo.

A concepção de corrupção na época era restrita basicamente às ideias de corromper e corromper-se, a primeira vez que o regime de D. Então fica clara a necessidade de se estudar o contexto histórico da corrupção neste tópico. Observá-los em épocas remotas aplicando premissas e percepções sociais, políticas e morais, arraigadas em nossa atualidade, trarão interpretações quiçá equivocadas.

A tolerância à corrupção é explicada por Heidenheimer pelo caráter atitudinal de apoio das elites políticas e da opinião pública de massas a uma cultura da punição e da criação de sistemas de vigilância à corrupção. Ou seja, o autor procura equilibrar variáveis de percepção da corrupção com a prática de punição no interior de sociedades. Especulo, ao contrário, que a tolerância à corrupção, como expusemos acima, nasce de antinomias existentes na cultura política de fundo, tendo em vista as contradições espelhadas na avaliação da opinião pública de casos de corrupção. Pensar a corrupção negra significa especular sobre um sistema de vigilância à corrupção muito próximo de formas autocráticas de poder. Isso é, nas democracias é regular alguma tolerância à corrupção, desde que ela não se torne um tipo de endemia social.

“Aceitar essas pequenas corrupções legitimam aceitar grandes corrupções”, afirma o promotor. Como lida diariamente com o assunto, Moreira ajudou a BBC Brasil a elaborar uma lista de dez atitudes que os brasileiros costumam tomar e que, por vezes, nem percebem que se trata de corrupção. “Está todo mundo assustado com a Lava Jato, mas ela mesmo tem poucos mecanismos de investigação. A maioria dos casos é de delação, de alguém que irrompe do sistema. É preciso mudar os mecanismos institucionais.” Para Almeida, a sequência de investigações é até negativa, porque aumenta a descrença da população na política, para a qual não há outras alternativas. Segundo ele, o costume de não seguir regras é muito arraigado no país e uma alteração, mesmo que inicial, não acontece em alguns anos. Ainda de acordo com o Ipsos, 74% dos entrevistados afirmam que já “deram um jeitinho” em algum momento da vida.

Segundo ela, quanto mais bens e serviços são tirados da população, maior será o uso de estratégias “alternativas” para se conseguir o que se quer. O reflexo disso chegaria nas pequenas atitudes do dia a dia e na ligação, ainda que incipiente, entre o cotidiano e a grande corrupção dos políticos. “Quando as pessoas começam a ver que ações contra corrupção vão dar resultado, elas começam, quase como obrigação moral, a rever seus conceitos.” “Estamos vivendo um momento de transformação de valores. Não significa dizer que de uma hora para outra todo mundo vai começar a agir de forma correta”, diz. No mesmo dia em que Moro acusou Bolsonaro de interferência política na Polícia Federal, o próprio presidente da República em pronunciamento confirmou querer alguém de confiança na diretoria-geral para poder ter todos os dias relatórios sobre as investigações realizadas. Após diversas divergências entre o então ministro da justiça e segurança pública Sérgio Moro e o presidente da República Jair Bolsonaro, Moro pediu demissão no dia 24 de abril de 2020 após Bolsonaro demitir o diretor-geral da Polícia Federal Maurício Valeixo, indicado por Moro.

Por: Geovane Oliveira