De acordo com Ique, o atentado não só provocou a morte de mais de uma dezena de pessoas, mas também minou as bases do trabalho dos jornalistas satíricos e até da liberdade de expressão:
“Esse foi o 11 de setembro dos cartunistas. Em 11 de setembro de 2001, todos os protocolos de aviação mudaram, se transformaram. E nós vivemos, de 11 de setembro de 2001 para cá, de uma maneira diferente. Nós vivemos com medo, com medo de que o próximo avião seja uma outra bomba, um outro risco. O meu medo é que o nosso 11 de setembro faça com que os nossos protocolos internos, ou seja, a nossa liberdade de expressão, sofra um grande impacto. E isso é ruim para a democracia, isso é ruim para a liberdade de expressão, porque nós pensaremos muito mais do que dez vezes antes de fazermos alguma coisa mais contundente”.
O cartunista brasileiro acha que as caricaturas publicadas no Charlie Hebdo que irritaram os extremistas islâmicos eram “agressivas”, mas dentro dos limites de uma agressão permitida pela cultura francesa e europeia. “É uma questão cultural mesmo, a gente está falando de culturas diferentes. É uma outra realidade, diferente da do brasileiro”, diz Ique.
Ele comentou também que a equipe dos cartunistas franceses sabia bem do perigo que enfrentava, mas evitá-lo seria uma vergonha profissional: “Não é só o papel deles, é a missão deles, a energia vital deles estar ali, naquela frente de batalha, sofrendo aquele risco”.