terça-feira, setembro 23, 2025

Manifestações históricas contra PEC da Blindagem e anistia a golpistas mobilizam milhares em todas as capitais

Em um dos maiores atos de rua da esquerda brasileira em anos, milhares de pessoas tomaram as principais capitais do país neste domingo (21 de setembro de 2025) para protestar contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Blindagem e o projeto de anistia a condenados por crimes antidemocráticos, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro. Os protestos, convocados por movimentos sociais, centrais sindicais e artistas, ocorreram em pelo menos 30 cidades e 22 capitais, com participação massiva da população insatisfeita com as iniciativas em tramitação no Congresso Nacional.

A PEC da Blindagem, aprovada pela Câmara dos Deputados em regime de urgência na última terça-feira (16/9), restabelece a necessidade de autorização prévia do Congresso para abertura de processos criminais contra parlamentares. Pelo texto, deputados e senadores teriam 90 dias para decidir, por maioria absoluta, se autorizam investigações solicitadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Defensores argumentam que a medida combate “abusos” do STF, enquanto críticos a chamam de “PEC da Bandidagem”, alegando que inviabiliza a responsabilização de políticos envolvidos em crimes.

Paralelamente, o projeto de anistia a condenados pelos ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023 – incluindo Bolsonaro, sentenciado a 27 anos de prisão – teve urgência aprovada na Câmara. A proposta divide o Congresso: bolsonaristas defendem anistia ampla, enquanto relator Paulinho da Força (Solidariedade-SP) sinaliza uma alternativa de redução de penas (“dosimetria”).

Os atos foram marcados por discursos inflamados, apresentações culturais e críticas diretas ao Congresso. Em São Paulo, cerca de 40 mil pessoas se reuniram na Avenida Paulista, segundo estimativas do Cebrap e da ONG More in Common. Cartazes como “Congresso inimigo do povo” e “Sem anistia” dominaram a cena, enquanto parlamentares como Guilherme Boulos (PSOL) e Edinho Silva (PT) criticaram a votação da PEC por parte de 12 deputados petistas, classificada como “erro”.

No Rio de Janeiro, um show gratuito em Copacabana reuniu artistas como Caetano Veloso, Gilberto Gil e Chico Buarque. Caetano, em vídeo nas redes sociais, conclamou: “A gente tem que ir pra rua, pra frente do Congresso, como já fomos outras vezes” . Em Salvador, Daniela Mercury e o ator Wagner Moura lideraram um trio elétrico, enquanto em Brasília, manifestantes marcharam do Museu Nacional em direção ao Congresso, carregando um boneco inflável de Bolsonaro com as mãos ensanguentadas.

A mobilização popular ocorre em um momento crítico de negociações no Congresso. No Senado, onde a PEC da Blindagem será analisada, relator Alessandro Vieira (MDB-SE) já adiantou que recomendará a rejeição da proposta, classificando-a como “prejudicial à democracia”. O presidente da CCJ, Otto Alencar (PSD-BA), também se posicionou contra, chamando o texto de “retrocesso”.

Quanto à anistia, o relator Paulinho da Força busca uma solução intermediária de redução de penas, evitando o perdão total. Essa alternativa, no entanto, enfrenta resistência tanto da esquerda – que rejeita qualquer benefício a golpistas – quanto de bolsonaristas, que exigem anistia ampla. O presidente Lula já declarou que vetaria qualquer projeto de anistia, mas o Congresso poderá derrubar o veto.

Protestos simbólicos também ocorreram em cidades como Londres e Berlim, onde brasileiros exilados e simpatizantes da democracia manifestaram repúdio às propostas. Em Berlim, cartazes criticavam o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), um dos articuladores da PEC

Pesquisa Datafolha da última semana indica que 54% da população se opõe à anistia para Bolsonaro, enquanto 39% apoiam a medida. A rejeição à PEC da Blindagem é ainda mais ampla, com críticas transversais que vão da esquerda à direita moderada. Analistas políticos avaliam que os protestos reflectem um descontentamento popular com a classe política e podem influenciar a tramitação das propostas, especialmente no Senado, onde a resistência é maior.

As manifestações deste domingo marcam a rearticulação da esquerda brasileira após anos de mobilizações predominantemente conservadoras. Com participação massiva e apoio de ícones culturais, os atos sinalizam que as propostas de anistia e blindagem parlamentar enfrentarão forte oposição social e institucional. O desafio para o Congresso será equilibrar negociações políticas com a pressão das ruas, que ecoa o grito unânime: “Sem anistia e sem blindagem!”.

Por: Geovane Oliveira, com informações da  BBC Brasil, Agência Brasil, DW, UOL, Brasil 247, Folha de S.Paulo, G1.

 

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