As empresas requeridas são responsáveis por várias obras em rodovias do Tocantins

ara1143O Ministério Público Federal no Tocantins entrou com uma ação civil pública (ACP) por improbidade administrativa contra as empresas CMT Engenharia Ltda, Egesa Engenharia S/A, seus sócios e servidores do Dertins (Departamento de Estradas e Rodagens do Tocantins) e do Ministério da Integração Nacional por superfaturamento na obra da ponte sobre o rio Tocantins entre os municípios de Lajeado e Miracema do Tocantins.

O consórcio CMT-Egesa realizou a obra licitada pela Concorrência 012/2009 da Secretaria de Infraestrutura do Tocantins entre dezembro de 2009 e novembro de 2011 e para isso recebeu o mondante de R$ 104.855.033,48 (cento e quatro milhões, oitocentos e cinquenta e cinco mil, trinta e três reais e quarenta e oito centavos). Entretanto, investigações realizadas pela Polícia Federal e Tribunal de Contas da União (TCU) identificaram que mais de 14 milhões foram pagos por serviços superfaturados.

Para a fraude de superfaturamento, foram incluídos no Projeto Básico da Ponte Lajeado-Miracema diversos serviços cujos valores não constavam dos sistemas referenciais de preço oficiais. Ainda que fosse legalmente possível tal prática, a empresa projetista deveria apresentar justificativas que respaldassem os preços unitários atribuídos aos serviços previstos no Projeto Básico por ela confeccionado. Com a ausência de tais justificativas, uma equipe de auditoria do TCU buscou comparação de preços em obras semelhantes e em tabelas de referência, constatando, ao final, que a empresa atribuiu valores a esses serviços de acordo com sua própria vontade e bem acima dos praticados no mercado, causandoo desvio de mais de 14 milhões dos cofres públicos. O mesmo foi constado por laudo pericial produzido por peritos da Polícia Federal.

Além do superfaturamento de serviços, investigações descobriram estreita relação entre funcionários do Dertins e sócios das duas empresas, sendo frequente as ligações telefônicas entre eles e até mesmo encontro nas residências. A troca de favores entre as empresas e funcionários públicos era constante, envolvendo até pagamento de propina e fraude nas medições da obra. Para o MPF/TO, a alta cúpula do Dertins atuava em conjunto com o consórcio CMT-Egesa para garantir que os interesses da empresa fossem prontamente atendidos pelo órgão, em detrimento do interesse público.

As empreiteiras CMT e Egesa são responsáveis por diversas obras de infraestrutura rodoviária no Tocantins. Entre os anos de 2000 e 2010 ambas foram responsáveis por 14 grandes obras no Estado, praticamente todas elas marcadas por graves irregularidades e prejuízos milionários aos cofres públicos.

A fim de garantir o ressarcimento ao Ministério da Integração Nacional dos valores pagos a mais pela obra, o MPF/TO requer a indisponibilidade dos bens móveis e imóveis dos acusados na ACP, inclusive de dinheiro e ativos financeiros presentes em suas contas bancárias. Além disso, requer também, a condenação dos envolvidos pela prática do ato de improbidade administrativa presente nos artigos 9 a 11 da lei nº 8.429/92.

Matéria relacionada:

MPF/TO busca impedir que CMT Engenharia estabeleça novos contratos com o Estado do Tocantins, dentre eles um de R$ 150 milhões