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Há dias, ao presidente do Irã Hassan Rouhani foi apresentado um protótipo da primeira nave espacial tripulada iraniana com o nome de trabalho Mak Ap. Esse protótipo, à escala de um por um, é um dos objetos em exibição na exposição dos resultados do Irã na área da exploração espacial.

 Rouhani, ao discursar na inauguração da exposição, sublinhou que o Irã “atribui uma grande importância à pesquisa espacial” e referiu os “êxitos consideráveis dos cientistas iranianos nessa área nos últimos anos”.

Realmente, os iranianos têm motivos de orgulho. Até hoje, o Irã já colocou com sucesso em órbita 8 sondas espaciais e lançou 4 satélites. O lançamento solene do quarto satélite, o Fajr (Amanhecer) que pesa 52 kg, decorreu a 2 de fevereiro. Esse satélite deverá ficar em órbita a 450 km durante um ano e meio.

Podemos afirmar com segurança que o Irã, antecipando todos os seus programas anteriormente anunciados de lançamento de sondas espaciais, está avançando com sucesso em direção a seu objetivo final – a colocação do homem no espaço. O jornal Ettelaat informou que isso pode acontecer já este ano, ou no início do próximo.

 

A comunidade de especialistas vê com ceticismo o lançamento em breve pelo Irã de um foguete com ser humano a bordo. Apresentamos a opinião do conhecido jornalista iraniano Syrus Borzu, vencedor do concurso nacional de jornalistas Popularização da Ciência no Irã 2014:

 “A apresentação do protótipo Mak Ap é apenas a primeira etapa na criação pelo Irã de um aparelho espacial tripulado. Não devemos esquecer que construir uma nave tripulada e treinar um astronauta é um processo longo, caro e trabalhoso. Por isso, é pouco provável que o primeiro voo espacial tripulado do Irã se realize já no próximo ano. Apenas se tudo correr de acordo com o planejado e se for atribuído o orçamento necessário para o desenvolvimento do programa espacial, nesse caso apenas dentro de 4-5 anos poderemos assistir ao voo do primeiro astronauta iraniano.”

A base preparatória para o envio para o espaço de organismos vivos foi criada pelos especialistas iranianos nos últimos 5 anos. O Irã foi o sexto país a enviar animais para o espaço. No dia 3 de fevereiro de 2010, a República Islâmica realizou com êxito um voo suborbital do foguete Kavoshgar-3 portador de uma biocápsula em que foram transportados um rato, uma tartaruga e vermes. A biocápsula regressou à Terra, todos os seres vivos estavam intactos e saudáveis. A organização aeroespacial iraniana exibiu igualmente uma transmissão em direto a partir desse minilaboratório ecológico. Esse foi o primeiro experimento do gênero realizado no Irã.

Um feito ainda mais importante do programa espacial iraniano foi o voo espacial de um primata. No dia 28 de janeiro de 2013, a mídia iraniana informou que uma “cápsula da vida”, contendo um macaco de nome Aftab (Sol em persa), foi colocada na órbita terrestre por um foguete-portador, tendo aterrissado com sucesso a bordo de um foguete suborbital Pishgam, alcançando uma altitude de 120 quilômetros. Em dezembro do mesmo ano, o Irã enviou mais um macaco em viagem suborbital. De acordo com um comunicado da agência de informação IRNA, o primata nomeado Fargam passou 15 minutos a uma altitude de 120 quilômetros. Foi testado pela primeira vez um foguete-portador a combustível líquido.

O êxito do lançamento de um primata para o espaço recebeu o elevado apreço do presidente do país na altura, Mahmoud Ahmadinejad. Aliás, na mesma ocasião o senhor Ahmadinejad anunciou o lançamento pelo Irã de um homem no espaço e expressou seu desejo de vir a ser o primeiro astronauta iraniano. Contudo, nem o ex-presidente iraniano, nem qualquer outra pessoa, foi ainda aprovado para ser o primeiro astronauta iraniano. Isso também confirma, segundo Syrus Borzu, que ainda não está para breve o surgimento do primeiro iraniano no espaço:

“Na primeira fase é necessário que o astronauta seja rigorosamente selecionado, adquira a experiência necessária e suas condições físicas estejam totalmente de acordo com as exigências do voo. Outra coisa muito importante, como eu já disse anteriormente, é necessário construir um aparelho espacial preparado para um voo tripulado. O Irã ainda não tem nem uma coisa, nem outra.”

De acordo com Syrus Borzu, o Irã tenciona primeiro apostar na construção de uma nave espacial completamente apta para um voo tripulado, e só depois se dedicar à preparação de um astronauta. Em geral, ainda é cedo para dizer com segurança que o programa espacial iraniano irá conseguir um grande avanço nesta fase, e que o Irã será o 38º país a enviar um seu cidadão para o espaço. O tempo o dirá.

 

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