Líderes do PSDB avaliaram como gravíssima a denúncia da revista Veja que mostra a farsa montada pelo governo da presidente Dilma Rousseff e pelo PT para impedir a investigação da CPI da Petrobras sobre a corrupção na estatal. A reportagem mostra em vídeo uma reunião entre o chefe do escritório da Petrobras em Brasília, José Eduardo Sobral Barrocas, o advogado da empresa Bruno Ferreira e um terceiro personagem ainda não identificado, com a finalidade de conseguir dos parlamentares da CPI as perguntas que eles fariam aos investigados pela comissão. Com o material em mãos, o grupo teve condições de treinar os envolvidos para responder a cada um dos questionamentos e evitar contradições.

Para o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), o episódio mostra “um espetáculo de marionetes montado pela presidente Dilma no Palácio do Planalto”. Vice na chapa do candidato à Presidência da República pela coligação Muda Brasil, Aécio Neves, Aloysio disse neste sábado (2/8) que o caso é uma confissão de culpa do governo em relação às denúncias de irregularidades na Petrobras. “Os senadores envolvidos e as pessoas que foram depor à CPI agiram como personagens de uma farsa e, mais do que isso, personagens de um crime. É impossível que a presidente Dilma não soubesse de nada”, afirmou. “Eles (o governo e o PT) perderam completamente os limites. A CPI já era chapa-branca, mas agora parecem ter medo até de CPI chapa-branca e armaram toda a farsa”, acrescentou.

Na avaliação do senador Alvaro Dias (PSDB-PR), o caso mostra de forma clara um verdadeiro conluio entre o governo da presidente Dilma e parlamentares governistas para barrar qualquer investigação séria dos escândalos ocorridos na Petrobras, como a compra por preço superfaturado da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. “Esse caso documentado consagra como verdadeira a denúncia que o PSDB já vem fazendo da tentativa do governo de escamotear a verdade, acobertando os fatos relacionados à Petrobras”, disse.

Segundo ele, a estatal do petróleo vem sendo utilizada para atender aos objetivos políticos do governo Dilma, que não tem qualquer intenção de apurar as irregularidades cometidas. “A CPI da Petrobras se tornou a CPI do conluio entre o governo e parlamentares governistas, com a adoção da estratégia da malandragem para jogar para debaixo do tapete toda a sujeira que há na Petrobras”, afirmou Dias.

O deputado federal Antônio Imbassahy, líder do PSDB na Câmara dos Deputados, disse que o caso revelado pela revista expõe o uso que o governo Dilma faz da máquina estatal para impedir a investigação das denúncias na Petrobras. “Esse uso da máquina, com a ação de senadores governistas e funcionários da empresa, é inaceitável e é muito grave. Temos que reagir com firmeza porque o caso mostra uma quadrilha agindo a partir do Palácio do Planalto”, afirmou. Segundo ele, como as CPIs têm caráter judicial, a armação para impedir a investigação de irregularidades na Petrobras é uma tentativa de manipular a Justiça.

Para o senador Cyro Miranda (PSDB-GO), a revelação do esquema comprova uma armação da qual os parlamentares de oposição já suspeitavam na CPI da Petrobras. “Nós já vínhamos sentindo a existência de um jogo de cartas marcadas, com script pronto, e agora temos a comprovação”, disse. Ele afirmou que várias vezes notou que os depoentes da CPI já tinham respostas preparadas para os questionamentos. “Agora a máscara caiu. Mais do que uma CPI chapa-branca, o que vimos era um teatro. O governo sempre resistiu à investigação porque sabia que iria se complicar. Para não se complicar, armou uma farsa”, disse.

Em nota divulgada neste sábado (2/8), Imbassahy ainda defendeu o imediato afastamento do relator da CPI da Petrobras, senador José Pimentel (PT-CE), por entender que o petista não reúne as condições necessárias para exercer o cargo com isenção. Caso ele não seja afastado, o deputado adiantou que entrará com mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal (STF). “A reiterada intervenção do Palácio do Planalto e de membros do alto escalão do governo federal mostra que se trata de uma ação orquestrada, partidária, e não um fato isolado”, afirmou ele no texto.

Imbassahy também questionou o conhecimento que a presidente Dilma tinha do caso. “Ela, como superiora, tem responsabilidade pelos atos dos seus subordinados na Secretaria de Relações Institucionais (SRI) – assim como o titular da pasta, Ricardo Berzoini, ex-presidente do PT, já envolvido em casos semelhantes no passado. Ou, mais uma vez, recorrerá ao usual ‘não sabia de nada’, confirmando que de fato não possui qualquer comando sobre sua própria equipe nessa operação criminosa?”, completou o tucano.

O deputado federal Carlos Sampaio (PSDB-SP), coordenador jurídico nacional da coligação Muda Brasil, afirmou em nota que a aliança não vai se omitir diante dos fatos considerados gravíssimos e na segunda-feira (4/8) vai apresentar ao Ministério Público, ao Conselho de Ética do Senado e aos departamentos disciplinares do Ministério das Relações Institucionais, da Petrobras e do Senado as representações necessárias para a responsabilização daqueles que estão envolvidos na farsa denunciada e comprovada pela imprensa nacional. Segundo ele, a acusação é “gravíssima” e o caso merece uma investigação profunda.