O chefe do serviço de inteligência alemão apresentou a sua própria versão do que aconteceu com o Boeing da Malaysia Airlines no céu sobre a Ucrânia em 17 de julho de 2014. Falando perante uma comissão parlamentar da Alemanha, Gerhard Schindler disse que o avião foi abatido por um míssil lançado por um sistema de defesa aérea de mísseis Buk em serviço do exército ucraniano. No entanto, ele está convencido de que isso foi feito por milícias. Consequentemente, esse complexo de mísseis foi capturado por eles. O Sr. Schindler não providenciou provas de sua versão. Mas observou que as imagens do terreno feitas por satélite e apresentadas por Kiev são falsas.
Só que não está claro exatamente quem falsificou as fotos. Já que a Ucrânia não tem suas próprias capacidades de capturar imagens do espaço, foi Washington quem compartilhou as fotos com Kiev. O Ministério da Defesa da Rússia, comparando as fotos publicadas por Kiev com suas próprias, imediatamente apontou para inconsistências e propôs realizar uma análise comparativa pública dos dados de satélites russos e norte-americanos. Os Estados Unidos rejeitaram a ideia.
Porquê não se dirigiram aos Estados Unidos a Organização da Aviação Civil Internacional (ICAO) e os representantes da Holanda, que estão encarregados de investigar as circunstâncias da queda do Boeing? Este é um dos muitos “porquês” que causam ação, ou melhor a inação de investigadores internacionais, nota o presidente da agência de consultoria e análise Segurança de Voos, membro do conselho de administração da Flight Safety Foundation (FSF, Washington) Valeri Shelkovnikov:
“O lado ucraniano devia submeter à ICAO todas as informações sobre os voos regulares de todos os aviões militares, sobre práticas DE TIRO naquele período, sobre todas as conversações entre o centro de controle de tráfego aéreo da Ucrânia e os postos de comando da Força Aérea da Ucrânia. Todos os registros, todas as comunicações de rádio devem ser apresentadas. Mas nada disso foi feito. Estamos surpresos que a ICAO não disse nada. Porque segundo o Anexo 13 da Convenção sobre a Organização da Aviação Civil Internacional, todos estes dados devem ser recolhidos”.
Mas em vez de fatos temos hipóteses, suposições e alegações infundadas. O Ministério da Defesa russo, quase imediatamente após a tragédia, revelou os dados de meios de controle objetivos, segundo os quais, no momento da queda do Boeing, junto dele estava um caça ucraniano Su-25. O presidente da Ucrânia Piotr Poroshenko disse que isso não aconteceu.
O Departamento de Estado dos EUA, na pessoa de Marie Harf, declarou que Washington tem uma enorme quantidade de provas que refutam a versão dos militares russos. Mas nenhuma prova foi tornada pública. Além disso, ninguém pôde refutar que na tarde de 17 de julho houve um aumento de atividade dos radares ucranianos 9S18 (estações de detecção e alvejamento) Kupol dos complexos de mísseis Buk: estavam funcionando nove estações. Poucos dias antes da tragédia funcionavam 7 e 8 radares 9S18, e desde 18 de julho, ou seja imediatamente após a tragédia do Boeing, estavam funcionando apenas 2-3 estações ucranianas. Isto foi registrado por meios russos de controle objectivo.
Mas os investigadores internacionais e a comunidade ocidental simplesmente ignoraram esta informação. Enquanto que os argumentos de que as milícias de Donbass poderiam ter capturado um Buk, tê-lo levado para seu território, treinado a tripulação, disparado e atingido o avião em voo, acabaram por ser muito populares. Embora antes da tragédia ter ocorrido, os militares ucranianos negavam completamente tal oportunidade.
Moscou insiste que uma investigação, objetiva e transparente, da queda do Boeing na Ucrânia deve ser continuada.