A Polícia Federal deflagrou, nesta sexta-feira (27), a décima fase ostensiva da Operação Sisamnes, voltada à apuração de um esquema de venda de sentenças judiciais no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Segundo a coluna do jornalista Fausto Macedo, do jornal O Estado de s. Paulo, três pessoas foram presas preventivamente: o prefeito de Palmas (TO), Eduardo Siqueira; o policial civil Marcos Albernaz; e o advogado Antonio Ianowich Filho, que tiveram a prisão preventiva decretada.
As diligências foram autorizadas pelo ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), responsável por conduzir a investigação. A PF cumpriu mandados de busca em três endereços da capital tocantinense, com foco na obtenção de provas relacionadas ao vazamento de informações sigilosas de inquéritos e processos sob sigilo.
“A apuração revelou indícios de que informações confidenciais estariam sendo antecipadamente acessadas, articuladas e repassadas a investigados, com o envolvimento de agentes públicos, advogados e operadores externos”, informou a Polícia Federal em nota.
Segundo a corporação, os vazamentos eram recorrentes e tinham como objetivo frustrar operações em curso, proteger aliados e fortalecer redes de influência. A Operação Sisamnes — cujo nome remete ao juiz persa mitológico punido por corrupção — aponta para uma estrutura organizada de repasse ilegal de informações.
A primeira fase da investigação resultou na prisão do empresário Andreson Gonçalves, apelidado de “lobista dos tribunais”, e em buscas em endereços ligados a assessores de ministros do STJ. Os servidores foram afastados e respondem também a processos administrativos. O tribunal, por sua vez, afirmou que nenhum dos magistrados tinha ciência das irregularidades. O inquérito da PF indica que o suposto esquema reunia advogados, lobistas, empresários, chefes de gabinete, assessores e magistrados de tribunais estaduais.
Em fases subsequentes, a operação passou a investigar movimentações imobiliárias suspeitas, com o afastamento de servidores do Judiciário e o bloqueio de imóveis de um juiz. Já em março, a PF concentrou esforços em um grupo que estaria comercializando dados sigilosos de investigações em andamento.
Outro foco da investigação recaiu sobre empresários acusados de lavar o dinheiro oriundo de propinas pagas em troca de decisões judiciais. A tática seria ocultar a origem dos valores e romper o elo direto entre os agentes corruptores e os servidores públicos corrompidos.
Ainda conforme a reportagem, o ponto de inflexão da operação ocorreu há cerca de um mês, com a prisão de cinco pessoas suspeitas de envolvimento no assassinato do advogado Roberto Zampieri, considerado peça-chave da investigação. O conteúdo encontrado em seu celular revelou mensagens que despertaram a suspeita sobre a compra de decisões judiciais.
A PF investiga se os detidos pertencem a uma organização criminosa especializada em espionagem e assassinatos por encomenda. Um dos elementos mais graves foi a apreensão de uma lista com nomes de ministros do STF e parlamentares, acompanhada de valores que supostamente seriam cobrados para atentados contra essas autoridades. Em maio, os agentes federais também cumpriram mandados no estado do Mato Grosso para apurar um possível esquema de lavagem de dinheiro ligado à compra de sentenças judiciais.
fonte: 247