Pesquisa da UFT/UFNT aponta a existência de seis variantes da Covid-19 em Araguaína

O farmacêutico do Hospital de Doenças Tropicais da Universidade Federal do Tocantins (HDT-UFT/Ebserh/MEC), Rogério Fernandes Carvalho integra a equipe dos 11 participantes do projeto de monitoramento que identificou seis variantes do novo coronavírus (Covid-19) no Tocantins, de acordo com relatório divulgado nesta última quarta-feira (10). A pesquisa foi realizada pela UFT, por meio do Laboratório de Bioinformática & Biotecnologia (Labinftec) em colaboração com a Universidade Federal do Norte do Tocantins (UFNT) e Laboratório de Baculovírus, da Universidade de Brasília (UnB).

 

“Temos uma pesquisa inovadora no Estado do Tocantins que foi capaz de monitorar e identificar a variante mais agressiva da Covid-19, e que ainda contribuiu com a gestão pública municipal no controle epidemiológico da pandemia. Esse monitoramento é fundamental para apoiar as decisões de isolamento e reforçar as condutas sanitárias de uso de máscara e álcool nas mãos”, comentou o farmacêutico, mestrando da UFNT.

As amostras usadas na pesquisa foram coletadas em Araguaína (TO) e resultaram na indicação de que há variantes do Coronavírus que foram originalmente descritas em dezembro de 2020 no estado do Rio de Janeiro e também a detecção de linhagem que teve origem em Manaus (AM), neste caso está associada a uma maior transmissibilidade.

De acordo com o relatório divulgado pela Rede Corona-Ômica.BR-MCTI, as seis (6) amostras coletadas em fevereiro de 2021 foram obtidas de participantes do projeto “Monitoramento do nível de infecção ativa por Covid-19 e fatores epidemiológicos associados nos três principais centros urbanos do estado do Tocantins”, coordenado pelo professor José Carlos Ribeiro Júnior, da Universidade Federal do Norte do Tocantins (UFNT).

Sobre as variantes

O pesquisador Campos explicou que primeiro é importante diferenciar a definição de variante e linhagem. Uma variante do vírus é um isolado cuja sequência do genoma difere daquela de um vírus de referência. Nenhuma inferência é feita sobre a mudança na sequência do genoma causa alguma mudança no fenótipo do vírus, ou seja, na sua capacidade de transmissão ou infecção.

“Todos os vírus fazem muitas mutações, principalmente os vírus RNA, embora os coronavírus possuem uma atividade de correção. Quando se fala em uma nova linhagem, significa que houve mutações suficientes nesse vírus para que ele se tornasse uma nova linhagem. Assim, a caracterização genômica dessas variantes de Sars-CoV-2 permite compreender o tipo de vírus que está circulando em determinada região”, informou.

As variantes que circulam no Tocantins detectadas até o momento são iguais a outras variantes detectadas em outros estados brasileiros. Entretanto, esse monitoramento é de extrema importância. Pois se ficar provado que determinada variante é mais transmissível ou provoque um escape vacinal, medidas adicionais de controle devem ser implementadas, além do uso de vacinas que combatam especificamente tal variante.

Estudos preliminares demonstram que a variante P1, por exemplo, apresenta uma maior capacidade de transmissão. 

“Isso reforça a necessidade dos cuidados básicos a população, como uso de máscaras, assepsia das mãos com álcool e o distanciamento físico. Além disso, como a vacinação está atrasada, devemos evitar a circulação do vírus com essas medidas não farmacológicas. Pois, o país está se tornando um viveiro de variantes, que podem ocasionar um escape vacinal, tornando as vacinas atuais ineficazes”, relatou o pesquisador.

Pesquisa

Segundo o professor Campos, nessa pesquisa, primeiro foi realizado o diagnóstico de Sars-CoV-2 em 500 moradores de Araguaína pelo professor Ribeiro Júnior, da UFNT. “Com os resultados das amostras positivas em mãos, selecionamos aquelas com maior carga viral para o sequenciamento, que foi realizado na UnB, no Laboratório de Baculovírus coordenado pelo professor Bergmann Ribeiro e com o auxílio do professor Fernando Melo. Após o sequenciamento, a montagem dos genomas e análises foi realizada pelo Dr. Ueric José Borges de Souza, do Labinftec/UFT, que demonstrou a circulação de quatro (4) variantes diferentes em seis (6) genomas de Sars-CoV-2 Tocantinenses”, disse.

Para Campos, são necessários esforços e monitoramento dessas variantes.

“Assim fica clara a necessidade de somarmos esforços entre as Universidades, Lacen e a Secretaria de Saúde para monitorar a circulação dessas variantes no estado do Tocantins”, explica.

A equipe

Universidade Federal do Tocantins (UFT): Fabrício Souza Campos, Ueric José Borges de Souza e Raíssa Nunes dos Santos.Universidade Federal do Norte do Tocantins (UFNT): José Carlos Ribeiro Júnior, Rogério Fernandes Carvalho, Monike da Silva Oliveira e Isac Gabriel Cunha dos Santos.Universidade de Brasília (UNB): Bergmann Morais Ribeiro, Fernando Lucas Melo, Miguel de Souza Andrade e Aline Belmok de Araújo Dias Iocca.

Sobre o HDT-UFT

O HDT-UFT faz parte da Rede da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) desde fevereiro de 2015. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) foi criada em 2011 e, atualmente, administra 40 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência.

Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), e, principalmente, apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas. Devido a essa natureza educacional, os hospitais universitários são campos de formação de profissionais de saúde. Com isso, a Rede de Hospitais Universitários Federais atua de forma complementar ao SUS, não sendo responsável pela totalidade dos atendimentos de saúde do país.

(Com informações da Sucom/UFT)

 


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