A Expoara, outrora considerada a maior vitrine da pecuária tocantinense, passa por uma transformação preocupante. O que antes era uma feira voltada para o produtor rural, com foco em genética de elite, negócios e fortalecimento do agronegócio, hoje parece mais um evento de entretenimento, onde a pecuária ocupa um espaço cada vez menor.
O Passado: Uma Feira Feita pelo Produtor e para o Produtor
Em mandatos anteriores, como o do Júnior Marzola, a Expoara tinha um propósito claro: ser o palco da pecuária de qualidade. Os pavilhões abrigavam diversas raças de gado, os torneios leiteiros atraíam criadores de todo o país, e os currais eram movimentados por negociações robustas. A cavalgada, símbolo da cultura pecuarista, abria o evento com grandiosidade, reunindo cavaleiros e tropas de várias regiões.
Era uma feira onde o produtor rural se sentia em casa. Caravanas chegavam de todas as partes do estado, e o Parque de Exposições Dair José Lourenço se tornava um centro de negócios, tecnologia e troca de conhecimentos. A genética animal era valorizada, e a Expoara consolidava Araguaína como um polo importante do agronegócio nortista.
O Presente: Entretenimento x Pecuária
Basta caminhar pelo parque hoje para notar a diferença. Onde antes havia raças selecionadas de gado, agora há espaços ocupados por atrações que pouco têm a ver com o campo. A cavalgada, que antes marcava o início da feira com pompa, foi relegada ao final da programação, quase como um evento secundário.
Os produtores, que eram a alma da Expoara, parecem invisíveis na nova dinâmica do evento. Os leilões perderam força, os torneios leiteiros não têm mais, e o comércio de gado – antes um dos principais motivos da feira – já não movimenta como antes.
Para Onde Vai a Expoara?
A modernização é necessária, mas não pode significar o abandono das raízes. Eventos paralelos, shows e atrações turísticas são válidos, mas não podem ofuscar o verdadeiro propósito da feira: fomentar a pecuária, gerar negócios e valorizar quem vive do campo.
Se a Expoara continuar nesse caminho, corre o risco de se tornar apenas mais uma feira genérica, perdendo sua identidade e, principalmente, o respeito dos produtores rurais, que durante anos acreditaram nela como sua principal vitrine.
É Hora de Resgatar a Essência
Os atuais dirigentes precisam ouvir o campo. A Expoara não pode virar um evento urbano, desconectado da realidade do agro. É preciso trazer de volta os leilões de peso, fortalecer os torneios leiteiros, valorizar as raças de gado e, acima de tudo, colocar o produtor rural no centro das decisões.
A cavalgada deve voltar a ser a abertura, os currais precisam ser ocupados por animais de qualidade, e os negócios devem ser prioridade. Caso contrário, a feira pode até continuar existindo, mas já não será a Expoara que o agro tocantinense conheceu e respeitou.
O momento é de reflexão. A pecuária não pode ser esquecida – porque sem ela, a Expoara perde sua razão de ser.
Por: Geovane Oliveira