O Ministério da Cidadania fez um corte de 158.452 beneficiários do programa Bolsa Família em meio à crise gerada pela COVID-19.

O número de beneficiários é o menor do governo Jair Bolsonaro e o menor desde maio de 2017, quando o Bolsa Família teve o maior corte da história do programa.

A região mais afetada pelos novos cortes é a Nordeste. Dos 158,4 mil benefícios a menos em março, 61,1% do total foram retirados da região.

Em entrevista à Sputnik Brasil, Cícero Péricles de Carvalho, que pesquisa o programa Bolsa Família, professor da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), disse que a medida tomada pelo governo Jair Bolsonaro vai contra o que tem sido feito na maioria dos países.

“[Vai] na contramão de todas as posições, de todos os países, industrializados e não industrializados, sem exceção, que estão tendo políticas de compensação. O exemplo mais claro seria o próprio Estados Unidos que tem tomado essas posições”, explicou.

Segundo Cícero Péricles de Carvalho, por estarmos em um momento de pandemia, o programa Bolsa Família deveria ser dobrado.

“Nós conseguimos um feito inédito, cortar um programa de combate à pobreza, o único instrumento que nós temos, (…) é o momento de dobrar o Bolsa Família, atender todas as demandas que existem em todos os Estados. Essa população é a mais fragilizada, sem dúvida”, disse.

Cícero Péricles de Carvalho destaca que o Bolsa Família seria um instrumento de fortalecimento social.

“No sentido social, essa população tem que se alimentar, comer todos os dias, tem que ter o básico. No plano econômico, essa população consome, então em uma crise econômica como está e em uma crise social, ampliada pelo coronavírus, evidentemente que seria um instrumento poderoso de fortalecimento do tecido social das camadas mais pobres”, comentou.

Segundo o especialista, isso se deve ao fato de o benefício do Bolsa Família ter impacto direto no setor de serviços, um dos mais afetados pela crise econômica provocada pela COVID-19.

“A relação do cidadão do Bolsa Família é basicamente com o comércio de bairro, de rua, de proximidade, com o comércio do setor de serviços. Esse dinheiro todo que se recebe vai para a rede de setor de serviços e comércio das periferias das grandes cidades e das regiões mais pobres do Brasil”, completou.
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