A Polícia Civil encontrou indícios de que a Secretaria-Geral de Governo do Tocantins tem cerca de 300 funcionários fantasmas. O órgão fica dentro do Palácio Araguaia e serviria para cuidar da parte administrativa do gabinete do governador, da Praça dos Girassóis e de escritórios de representação do governo. Mandados de busca e apreensão foram cumpridos no local, na manhã desta sexta-feira (7), durante a operação Catarse.

Segundo o próprio Estado, 623 pessoas deveriam trabalhar no local, mas os investigadores só encontraram as folhas de frequência de metade dos servidores. Além disso, verificaram que o órgão não tem estrutura para abrigar tanta gente.

O governo do Estado afirmou que vem identificando e levantando informações sobre servidores que se encontram em situação de ausência no trabalho. Disse ainda que promoveu uma reestruturação e reduziu o número de servidores da secretaria de 1.020 para 623. 

A investigação da Polícia Civil começou depois que a Delegacia de Investigações Criminais (Deic) de Araguaína, norte do Tocantins, recebeu denúncias de duas mulheres da cidade que seriam funcionárias fantasma. Uma delas estuda medicina no Paraguai e mesmo assim estava recebendo todos os meses.

O delegado José Anchieta informou que pediu informações sobre os funcionários lotados na superintendência de Administração e Finanças da Secretaria Geral de Governo, mas não recebeu resposta. “Essa primeira requisição foi ignorada e a segunda foi negada com informação de que esses dados seriam encaminhados para Procuradoria-geral do Estado, para que esta analisasse”, explicou.

Depois disso, a delegacia começou a investigar as duas servidoras e solicitou mandados de busca e apreensão. Os mandados foram atendidos pela Justiça e cumpridos na manhã desta sexta-feira (7). Uma força-tarefa foi realizada para as buscas e não encontrou as folhas de presença de cerca de 300 funcionários da secretaria.

 
Polícia Civil cumpre mandados no Palácio Araguaia — Foto: Ana Paula Rehbein / TV Anhanguera

Polícia Civil cumpre mandados no Palácio Araguaia — Foto: Ana Paula Rehbein / TV Anhanguera

O delegado informou a equipe ficou surpresa com a discrepância dos números e será preciso analisar os documentos mês a mês. Para isso, uma força-tarefa deve ser montada com delegacias de Palmas, Araguaína e Gurupi. “Foi uma surpresa enorme porque houve uma divergência de mais de 300 pessoas, entre os que assinam a frequência e o número de pessoas que efetivamente recebem o salário, é uma diferença muito grande.”

Apesar disso, segundo o delegado ainda não se pode afirmar que todos os servidores são fantasmas. “No momento temos a divergência de quem assina a frequência, que em tese deveriam ser todos, e quem recebe. O que ocorre com essas 300 pessoas? Foi verificado em todos os livros e elas não estavam.”

Ainda segundo o delegado, a estrutura física da Superintendência de Administração e finanças passou por perícia e não teria como comportar todos os servidores. “Existem 25 computadores e mais de 300 pessoas lotadas sem que exista um regime de plantão e sem que a Secretaria-Geral de Governo tenha sede fora de Palmas, a sede é somente aqui [no palácio].”

Nota do governo sobre a operação Cartase

Desde que assumiu o Executivo para um mandado tampão, a atual gestão instituiu um grupo de trabalho que está levantando toda a estrutura operacional e de servidores das diversas pastas do Governo, visando uma diminuição da máquina pública.

Essa reestruturação já vem identificando e levantando informações sobre servidores que se encontram em situação de ausência no trabalho. Fruto da reestruturação, no caso da Secretaria de Governo, importante salientar que, ao assumir a gestão, a Secretaria contava com 1.020 servidores, atualmente 623 integram o quadro da Pasta.

O Governo do Tocantins reitera que colabora com as investigações e que qualquer servidor encontrado em desacordo com a lei responderá ao devido processo.

Por G1 Tocantins