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quinta-feira, dezembro 11, 2025

Onde vai parar Laurez? O preço amargo do poder transitório

O silêncio no Palácio é mais eloquente que qualquer discurso. Em um governo onde vice e governador não trocam uma palavra sequer — comunicando nem por assessores— temos o retrato perfeito de uma ruptura política irreparável. A pergunta que paira nos corredores do poder, nos bares do Tocantins, nas ruas de Palmas e nas mesas de jantar de Araguaína é uma só: onde vai parar Laurez?

O ex-governador interino, que há poucos meses assinava decretos com a autoridade de quem sempre esteve no comando, hoje é um homem politicamente isolado. A decisão do STF que garantiu o retorno de Wanderlei ao cargo não foi apenas uma vitória jurídica para o titular; foi a certidão de óbito da ambição desmedida de seu vice. E o pior: foi a confirmação para milhares de servidores de que foram demitidos por ordens de um poder que, no fim das contas, era transitório, frágil e — talvez — movido por interesses escusos.

Aqui na Amazônia, conhecemos bem a natureza dos rios: eles podem transbordar com a cheia, inundar tudo, mas a vazão sempre vem. E com ela, a exposição dos alicerces, dos troncos caídos, da terra arrastada. Laurez vive sua vazão política. As águas do poder que o cobriram recuaram, e o que ficou exposto foi um terreno erodido pela ambição e pela falta de lealdade.

A Briga que Ninguém Vence

A ruptura total com Wanderlei não é um mero desentendimento de gabinete. É a demonstração de que, na política, há fronteiras que não podem ser cruzadas. A tentativa de Laurez de usar o interinato para desmontar a base aliada do governador e substituí-la por seus próprios apadrinhados foi lida — e com razão — como um ato de guerra política. Wanderlei, respaldado pelo STF, retornou e não apenas retomou seu cargo: retomou com autoridade redobrada e com a caneta na mão para desfazer, uma a uma, as nomeações de seu vice.

Laurez errou no cálculo. Acreditou que o poder temporário poderia se tornar permanente através de uma engenharia de cargos. Esqueceu-se de que, na política amazônica, a memória é longa e as lealdades, quando quebradas, raramente são recoladas.

A Revolta que Não se Cala

Mas há outro elemento nesta equação do desastre: o fator humano. Quando falamos em “milhares de demitidos”, não estamos falando de números em um relatório fiscal. Estamos falando de Maria, professora há 4 anos, que planejava a formatura da filha. De João, técnico administrativo, que acabou de financiar um carro. De famílias inteiras que tiveram suas vidas viradas de cabeça para baixo por canetadas de um governo que, hoje, nem existe mais.

Essas pessoas não são estatísticas. São eleitores. São cidadãos com rosto, nome e uma raiva profunda e legítima. A hashtag #LaurezDemitiu não é uma campanha virtual; é o grito de quem foi atingido pela fúria de um projeto de poder que falhou. E na hora do voto, esse grito se transforma em rejeição nas urnas. Laurez pode não estar ouvindo agora, mas ouvirá em outubro.

Onde Vai Parar, Afinal?

Diante deste cenário — isolado do governador interino, rejeitado pelos demitidos e visto com desconfiança pela classe política —, quais são os caminhos para Laurez?

  1. O Deserto Político: O cenário mais provável. Completar o mandato como um vice decorativo, sem função, sem voz, esperando o apagar das luzes de sua carreira. Seria uma morte política lenta e silenciosa.
  2. A Resistência Suicida: Tentar criar uma dissidência, virar oposição ao próprio governo do qual é vice. Um movimento de altíssimo risco que exigiria capital político que ele, hoje, não tem. Seria o ato final de quem queimou o palco e quer levar o teatro todo abaixo.
  1. O Arrependimento Público:A humilhação política de pedir desculpas, recuar e tentar uma reconciliação forçada. Improvável, dada a dimensão da ruptura, e talvez já tarde demais para recuperar qualquer confiança.

 

O Veredito Final

O destino de Laurez será escrito não nos gabinetes, mas nas próximas pesquisas de opinião. Elas serão o raio-X de sua situação: mostrarão se a rejeição está contida ou se espalhou, se ainda há algum resquício de simpatia ou se seu nome já se tornou sinônimo de oportunismo e instabilidade.

A lição que fica, para além do drama pessoal de Laurez, é antiga e sempre válida: o poder interino é um teste de caráter. Pode ser uma oportunidade para servir com responsabilidade e lealdade, ou uma armadilha para a ambição desgovernada. Laurez escolheu a segunda opção. E agora, como um barco à deriva depois da cheia, resta saber se encontrará uma margem segura ou se será engolido pela correnteza da própria história que ajudou a criar.

Por Geovane Oliveira, Jornalista do Portal O Melhor da Amazônia

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